Disney com os netos

O ano era 1993, outubro. Estávamos planejando nossa primeira ida com a Giulinha para a Disney. Para tornar a viagem ainda mais emocionante acabamos convidando minha afilhadinha Marina, Mariana, a filha de uma amiga e Fabiana, uma irmã temporona. Sempre achei legal levar pessoas comigo. Deveria ter uma agência de turismo.

O grupo estava formado por crianças e adolescentes. Todos, sem exceção, nos chamavam de loucos, se referindo a mim, claro. Isto porque meu marido iria ficar em Miami trabalhando e eu me divertindo. Ai ai… Tem mães que não se dão conta do estrafego que seria essa aventura.

Bem, num belo dia vi que minha avó olhava diferente pra mim e desconfiada perguntei: O que estás pensando? Foi quando ela disse com a carinha mais danada do mundo: “Queria tanto ir junto. Eu sei que meu coração não vale nada, que sou um estorvo para os outros, que a chance de eu morrer nesta viagem é alta, mas eu morreria feliz. E você poderia trazer somente as cinzas mesmo…” Tudo isso ela disse sorrindo e sonhando. Decidi levá-la.

Meus irmãos foram contra. O meu avô concordou então a levei. Um passeio maravilhoso com duas filhas, duas netas e uma fofa amiguinha seria muita alegria para pensarmos em coisas ruins. Eu já tinha ido diversas vezes, já conhecia o esquema, e planejamos tudo direitinho.

O sonho da Vó Hely era dirigir e nunca deixaram. Pois ela ganhou uma cadeira de rodas motorizada e assim ela pode andar por onde quis. Marcávamos mais ou menos a hora e p local do encontro. Tudo dava certo.  Quando ela podia ir aos brinquedos  também era uma beleza. Passávamos na frente dos outros. Uma viagem dos sonhos. Nenhuma briga, nenhuma coisa errada, nenhuma crise da vovó. Tudo maravilha.

Em cada refeição uma delas fazia o pedido para treinar o inglês. Era nosso desafio diário. Eu sempre pedia para trazerem meu refrigerante “No ice” e sempre vinham rindo pra mesa. Um dia descobri que sempre esqueciam de pedir desta forma e no caminho pra mesa colocavam os dedinhos dentro do copo e iam jogando o gelo fora para não levarem bronca…..ahahah….

Uma tarde porém, entramos na casa fantasma e combinamos de nos encontrar na saída em 30 minutos. Quando saímos estava a maior chuva e tive que ajudar a encontrar abrigo para vovó e Giulinha. Fabi foi atrás das outras meninas. Mas era um corre-corre de gente, que nos tirou totalmente do esquema. Bem, naquela altura rezava para que a Fabi tivesse achado as meninas.

Comprei um lanche para a vó e Giulinha e pedi para que ficassem quietinhas naquele local e fui atrás das outras. Imaginei que estavam em algum brinquedo próximo. A tarde estava caindo. Pensava na tia Cleusa e tia Ze e rezava sem muita convicção. Na verdade não sou do tipo que se escabela nestas horas. Sempre penso que se ficar calma os olhos enxergam melhor e o cérebro também funciona melhor. Além do mais tudo se ajeita na vida e aquele não era um local típico de acontecimento desastroso. Portanto nada de desespero.

Aquele era o horário em que as pessoas começavam a se movimentar para sair e então andei no sentido contrário. Lá pelas tantas achei as três às gargalhadas, ensopadas e felizes comendo hot dog. Tinham saído de um brinquedo massa. Como não nos acharam e com a chuva os brinquedos ficaram meio vazios resolveram aproveitar. Ufa. Problema resolvido, nada de estresse e rimos pra caramba.

Vó Hely também cuca fresca ficou contando história e distraindo a Giulinha. Fomos enfim todos juntos ver os fogos e voltamos para o conforto do Hollyday Inn onde estávamos em dois quartos enormes conjugados. Antes de dormir sempre relembrávamos as aventuras e ríamos muito. Nunca vi a Vó Hely tão feliz como naqueles dias…

Na volta, no aeroporto um rapaz perguntou pra ela “What time is it please?” Simpática, ela respondeu soletrando direitinho: “São três horas no Brasil”. Ter convivido com  vó Hely não tem preço.

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